APLV VS INTOLERÂNCIA À LACTOSE

Você já se perguntou qual a diferença entre intolerância à lactose e Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV)? Em resumo, a alergia alimentar ocorre quando o sistema imunológico reage exageradamente a uma proteína, no caso, a proteína do leite de vaca. Já a intolerância tem a ver com uma deficiência no organismo da enzima lactase, responsável pela digestão do principal açúcar do leite, a lactose.¹‧²

Qual a diferença entre a intolerância
à lactose e a Alergia à Proteína do Leite de Vaca?

Intolerância à lactose

Em pessoas com intolerância à lactose, o organismo é deficiente na enzima intestinal chamada lactase, que digere o açúcar (lactose) do leite. Ela age decompondo o açúcar do leite em carboidratos simples (glicose e galactose), que são absorvidos pela corrente sanguínea através do revestimento intestinaL. ⁴‧⁵

As causas de intolerância à lactose
mais comuns são:

  • Deficiência congênita da enzima: quando a criança nasce com um defeito genético que impossibilita a produção da lactase;⁴
  • Diminuição na produção da lactase: como em consequência de doenças intestinais (deficiência secundária ou transitória);⁴
  • Deficiência primária: diminuição da produção da lactase como consequência natural do desenvolvimento/envelhecimento.⁴

Os sintomas envolvidos na intolerância à lactose podem levar de alguns minutos até muitas horas para aparecerem. Eles normalmente são gastrointestinais, incluindo náusea, dores abdominais, diarreia ácida e abundante, gases e desconforto. A severidade dos sintomas depende da quantidade ingerida e da quantidade de lactose que cada pessoa pode tolerar. ⁴

Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV)

Em um indivíduo com alergia, o sistema imunológico responde desencadeando uma resposta imunológica para neutralizar a proteína que causa alergia.

Os sintomas de início rápido podem apresentar-se dentro de minutos ou horas e os de início lento de horas a dias após a ingestão da proteína do leite de vaca, sendo divididos em três tipos de reação alérgica⁶. Entenda brevemente cada um:

Reações imediatas
(IgE mediadas)

Os sintomas ocorrem em minutos ou até 2 horas após a ingestão do leite de vaca. Nesse caso, o organismo produz anticorpos do tipo IgE (Imunoglubulinas E) para as proteínas, causando sintomas como: urticária, inchaço dos lábios e dos olhos e vômitos. Há risco também de anafilaxia, uma reação potencialmente fatal; ⁷‧⁸

Reações tardias
(IgE não mediadas)

Os sintomas podem aparecer entre 2 e 72 horas após a ingestão do leite de vaca. Nestes casos, a reação é desencadeada por outras células, não produzindo anticorpos IgE específicos. Pode causar vômitos tardios, diarreia com ou sem muco e sangue, cólicas, irritabilidade, intestino preso, entre outros sintomas; ⁷‧⁸

Reações mistas

Quando existem reações imediatas e tardias após a ingestão do leite. As condições mais comuns incluem dermatite atópica, esofagite eosinofílica (EoE), gastrite eosinofílica, gastroenterite eosinofílica e asma.⁷‧⁸.

Principais diferenças no tratamento
de intolerância à lactose e Alergia à Proteína do Leite de Vaca

Em pessoas com intolerância à lactose causada por uma doença subjacente, o tratamento da doença pode restaurar a capacidade do organismo de digerir a lactose⁵. Além disso, ainda existem medicamentos com a enzima lactase quando for preciso ingerir lactose em situações especiais. Ela é encontrada em pó, pílulas ou líquido e deve ser ingerida logo antes do alimento para a digestão da lactose.¹⁰

Já as condutas para APLV são diferentes. Após o diagnóstico de Alergia à Proteína do Leite de Vaca, é preciso realizar uma avaliação nutricional da mãe e do bebê, além do estímulo ao aleitamento materno. Leite e derivados deverão ser excluídos da dieta de ambos, sendo indicada a substituição apropriada para cada caso em consulta médica e com nutricionista.¹¹

Referências

1. Food Allergy Research & Education. Milk Allergy Vs. Lactose Intolerance. Disponível em: https://www.foodallergy.org/resources/milk-allergy-vs-lactose-intolerance. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 2. Rangel A., Sales D., Urbano S. et al. Lactose intolerance and cow’s milk protein allergy. Scielo Brasil. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cta/a/7H9sz75JvFs9gNYqysgZ68H/?lang=en#. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 3. Ministério da Saúde. Qual a diferença entre intolerância à lactose e alergia a leite?. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: https://aps-repo.bvs.br/aps/qual-a-diferenca-entre-intolerancia-a-lactose-e-alergia-a-leite/. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 4. Ministério da Saúde. Intolerância à lactose. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/intolerancia-a-lactose/. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 5. Mayo Clinic. Lactose intolerance. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/lactose-intolerance/symptoms-causes/syc-20374232. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 6. Edwards C., Younus M. Cow Milk Allergy. Stat Pearls. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK542243/. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 7. Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Tipos de reações e sintomas. Disponível em: https://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/tipos-de-reacoes. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 8. Danone Nutricia. Guia de diagnóstico e tratamento da APLV Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Disponível em: https://alergiausp.com.br/wp-content/uploads/2023/04/6421cfdec72fa.pdf. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 9. Solé D., Silva L.R., Cocco R.R. et al.. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 – Parte 1 – Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia. Disponível em:http://aaai-asbai.org.br/detalhe_artigo.asp?id=851.Acesso em 5 de dezembro de 2023. 10. Sociedade Brasileira de Pediatria. Intolerância à Lactose. Disponível em:https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/noticias/nid/intolerancia-a-lactose/. Acesso em 5 de dezembro de 2023. 11. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2022/20220427_pcdt_aplv_cp_24.pdf. Acesso em 5 de dezembro de 2023.