Diagnóstico de APLV:
entenda cada etapa para o diagnóstico
Uma alergia alimentar é definida como uma resposta incomum do sistema imunológico a um determinado alimento¹. A Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) se destaca como a mais comum entre as crianças, especialmente no primeiro ano de vida e entre as não amamentadas exclusivamente até os seis meses de vida.² Um bebê com APLV pode ter sintomas sempre que entrar em contato com o leite de vaca, incluindo:
- Manifestações gastrointestinais: vômitos, náuseas e recusa alimentar;¹
- Manifestações cutâneas: dermatite atópica e urticária, como manchas vermelhas, coceira e inchaço;¹
- Manifestações respiratórias (associadas a outros sintomas): congestão nasal, dificuldade para respirar e tosse crônica.¹
Entendendo as etapas do diagnóstico da APLV
Passo 1: Consulta
A base do diagnóstico de APLV baseia-se principalmente na avaliação do histórico de sintomas e no exame físico feito em consulta médica. Por isso, na consulta é importante detalhar o cronograma dos sintomas e quando eles ocorrem.⁶
A investigação da história clínica de crianças com suspeita de APLV deve ser minuciosa e o profissional de saúde deverá verificar o histórico familiar de alergia alimentar, além de fatores como:²
Passo 2: Diagnóstico diferencial
com outras possíveis doenças
Devido a uma grande variedade de sintomas que podem ser causados pela alergia ao leite de vaca, o diagnóstico diferencial pode ser extenso e incluir, mas não se limitar a:⁶
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- Outras alergias alimentares;⁶
- Doença celíaca;⁶
- Enteropatia;⁶
- Infecções gastrointestinais;⁶
- Enterocolite;⁶
- Doença inflamatória intestinal;⁶
- Divertículo de Meckel;⁶
- Angioedema;⁶
- Intolerância à lactose;⁶
- Urticária idiopática;⁶
- Distúrbios gastrointestinais funcionais;⁶
- Doença do Refluxo Gastroesofágico.⁶
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Passo 3: Exames complementares
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- IgE sérico específico para Alergia à Proteína do Leite de Vaca: esse exame de sangue pode ajudar no diagnóstico de alergia ao leite de vaca mediada por IgE (caracterizada pelos sintomas imediatos), sendo definido por um médico alergista;⁶
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- Teste cutâneo de puntura: também ajuda no diagnóstico de APLV “imediata” e deve ser realizado por um especialista em alergia. Pode ser útil como apoio na avaliação de gravidade ou no diagnóstico diferencial da APLV, apesar de raramente indicado²‧⁶. Esse teste é feito por meio de pequenos furos na pele onde são colocados agentes alergênicos para checar como o corpo reagirá. Após 15 ou 20 minutos, se houver reação alérgica imediata, a pele desenvolve pápulas, pequenos caroços que lembram picadas de mosquito.
A realização desses exames pode ser útil como diagnóstico diferencial para cogitar se tratar de uma APLV não mediada por IgE, ou seja, aquela em que os sintomas são tardios.²
Passo 4: Dieta. Teste de exclusão para APLV
Se os sintomas não forem consistentes com APLV, o médico irá recomendar a dieta de exclusão, um passo importante para diagnosticar APLV.⁶
Nessa etapa, a Proteína do Leite de Vaca é removida da dieta da criança – ou da mãe, se o bebê for amamentado exclusivamente – por um determinado período de tempo e depois reintroduzida. Se o seu bebê tiver alergia ao leite da vaca, os sintomas desaparecerão durante o período de eliminação e depois voltarão quando o alimento for reintroduzido.⁹
Passo 5: Dieta. Teste de provocação para APLV
Quando o exame de IgE dá negativo e os sintomas melhoram após a dieta de exclusão, um teste oral deve ser o próximo passo⁶. Ele é considerado diagnóstico definitivo de alergia, sendo realizado, em geral, de duas a quatro semanas após estabilização do quadro clínico. ¹⁰
Um teste de provocação oral padronizado, realizado sob supervisão médica, é necessário na maioria dos casos para confirmar uma reação adversa à proteína do leite da vaca.³ Ele envolve a oferta de alimentos que podem ou não conter leite em quantidades crescentes para analisar a reação.¹¹
Referências
1. Guia de diagnóstico e tratamento da APLV Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Disponível em: https://alergiausp.com.br/wp-content/uploads/2023/04/6421cfdec72fa.pdf. Acesso em 23 de novembro de 2023. 2. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Alergia à Proteína do Leite de Vaca. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2022/20220427_pcdt_aplv_cp_24.pdf. Acesso em 23 de novembro de 2023. 3. Koletzko S., Niggemann B., Arato A. et al. Diagnostic Approach and Management of Cow’s-Milk Protein Allergy in Infants and Children ESPGHAN GI Committee Practical Guidelines. Disponível em:https://journals.lww.com/jpgn/fulltext/2012/08000/diagnostic_approach_and_management_of_cow_s_milk.28.aspx. Acesso em 23 de novembro de 2023. 4. Sociedade Brasileira de Pediatria. Alergia ao leite de vaca. Disponível em:https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/alergia-ao-leite-de-vaca/. Acesso em 23 de novembro de 2023. 5. Vandenplas Y., Brueton M., Dupont C. et al. Guidelines for the diagnosis and management of cow’s milk protein allergy in infants. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2083222/. Acesso em 23 de novembro de 2023. 6. Edwards C., Younus M.. Cow Milk Allergy. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK542243/. Acesso em 23 de novembro de 2023. 7. Universidad de Navarra. Diagnóstico diferencial. Disponível em: https://www.cun.es/diccionario-medico/terminos/diagnostico-diferencial. Acesso em 23 de novembro de 2023. 8. Instituto IMEPE. O que é o Prick Test e como funciona o exame para detectar alergias. Disponível em: https://institutoimepe.com.br/o-que-e-o-prick-test-e-como-funciona-o-exame-para-detectar-alergias. Acesso em 23 de novembro de 2023. 9. WebMD. Could My Infant Have Cows’ Milk Allergy?. Disponível em: https://www.webmd.com/parenting/baby/baby-cow-milk-allergy. Acesso em 23 de novembro de 2023. 10. Solé D., Silva L.R., Cocco R.R. et al.. Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 – Parte 1 – Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Disponível em:http://aaai-asbai.org.br/detalhe_artigo.asp?id=851.Acesso em 23 de novembro de 2023. 11. Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia e Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição. Disponível em:http://aaai-asbai.org.br/imageBank/pdf/v35n6a03.pdf.Acesso em 23 de novembro de 2023.